Chocolat

Fiquei tentado ao saborear com os olhos, dentre as poucas opções disponíveis na locadora do meu bairro, a capa de um filme com Johnny Depp e Juliette Binoche intitulado Chocolat. A produção narra a história de Vianne Rocher (Binoche), uma jovem mulher que, seguindo a tradição de seus ancestrais, caminha com o vento, de cidade em cidade, adoçando a vida das pessoas.

Logo após chegar em Lansquenet-sous-Tannes, uma cidadezinha esquecida no norte da França, Vianne inaugura durante a Quaresma La Chocolaterie Maya, o que causa a revolta do dogmático Comte Paul de Reyanaud (Alfred Molina). Porém, ela não se deixa intimidar e, entre um chocolate e outro, transforma a vida dos habitantes do local, dentre eles Armande Voizin (Judi Dench em mais uma admirável interpretação) e Josephine Muscat (Lena Olin).

Apesar da reprovação do prefeito Reyanaud, que vê a recém-chegada e suas “exóticas iguarias” como uma ameaça à moral e aos bons costumes, Vianne acaba conquistando todos, em parte, graças aos sabores e sensações despertados pelo chocolate. Porém, a vida da chocolateira só ganha um novo sabor, talvez mais apimentado, quando chega na cidade um grupo de ciganos liderados por Roux (Johnny Depp).

Chocolat mostra o doce derivado do cacau de forma quase simbólica. Aqui o maná dos pagãos faz com que até o cristão mais fervoroso se renda aos prazeres “mundanos” e, ao mesmo tempo, é a água benta para a purificação dos pecados. Só não é melhor por uma cena ou outra fora do ponto e por não ser na língua materna de sua protagonista, defeitos pequenos quando descobri, ao final do filme, que guardava uma trufa de amarula no armário.

Chocolat. Reino Unido / EUA, 2000 - 121 min. Comédia / Drama / Romance. Direção: Lasse Hallström. Roteiro: Robert Nelson Jacobs, adaptado do romace de Joanne Harris. Elenco: Juliette Binoche, Alfred Molina, Johnny Depp, Judi Dench, Lena Olin.