Pensando forma e conteúdo

 O clássico visual “limpinho” do meu lixo

Página única, alguns links, uma figura no canto, o cabeçalho que leva o título do espaço e uma área central que enquadra a postagem. Esse é, com uma variação ou outra, o formato de um blog. Em meio a tantas opções na rede, a simplicidade e funcionalidade dessa espécie de “diário virtual” parece não ser somente mais uma ferramenta de expressão para vozes antes anônimas, pois até mesmo Saramago faz uso do suporte para publicar pequenos textos com sabor de reflexões de fim de tarde.

Embora muito do que escrevemos nasça a partir de digressões cotidianas, isso não significa dizer que as palavras devam ser dispostas com menos acuidade. Mesmo dispondo de recursos como hiperlink, som e imagem, prefiro pensar o conceito de blog como um cantinho na Internet que ainda priorize o escrever, mesmo que esse seja concebido de forma mais descontraída, num tom muito próximo ao bate-papo no barzinho da esquina. Qualquer que seja o assunto, do último capítulo da novela a mais um escândalo político, como diz um vizinho da blogosfera: “revisar é preciso”.

Com o devido cuidado e respeito à linguagem podemos pensar no papel de parede, na mobília e nos bibelôs na estante, mas sem perder de vista que o excesso de informação pode prestar um desserviço ao espaço. Foi nisso que pensei ao mudar o layout, o visual clean serviu durante um bom tempo, contava parte da história, da busca por estabilidade e certezas. No entanto, fui de um extremo a outro, percebendo quão difícil é estabelecer consenso na dubiedade. Espero que essa ambientação mais soturna traduza justamente isso, inconstância e interrogações em meio à crise.

ouvindo… Surrendering – Alanis Morissette