Assim como toscos bonecos de pano cru, levamos a ponta do cordão transpassado ao peito por agulha. Numa marcha arrastada, somos invariavelmente guiados pela outra extremidade do fio. Peregrinando num branco virginal nunca corrompido, o vazio que poderíamos divisar além (se os botões costurados no lugar dos olhos cumprissem sua função), é borrado por uma névoa. No horizonte, o traçado vermelho que parte de mim é a única coisa discernível na incansável branquidão. Por vezes a linha parece não nascer do peito e muda sua gênese, é sangue que escorre por um canto da boca e percorre em curvas sinuosas as depressões do corpo. Mas as sensações são sempre aleatórias, logo o filete muda a sua textura aquosa e como um animal rastejante aperta o corpo em incontáveis voltas, casulo feito de barbante. Então imagos, renascemos da primeira morte, os cordões são múltiplos e coordenam os movimentos. Os sentidos são sensíveis às batidas de um sem-número de corações, amarrados em cordas que partem não sei de qual direção, mas que estão destinadas ao mesmo nó. Num emaranhado de vidas trançadas vislumbramos uma única teia, é quando ouço o quedar de um batalhão de marionetes, está desfeito o elo vital entre corpo físico e alma. Eu, atado ao meu carretel, aguardo a vez.
- ouvindo... Vespertine - Björk
ORLANDO é best book of the year, você verá!
ReplyDelete(desculpe... eu nem li o post... a capa com tilda foi o suficiente e merece comentário por si só).
Sabe, em alguns momentos isso me faz pensar em nossas vidas aqui na Terra e a visão do Umbral... *se é que você me entendeu O_o*
ReplyDeleteI-Pixel,
ReplyDeleteSim, eu entendi O_o* rs e vc acertou um dos pontos.