Alcançar os vários níveis do nirvana é fácil, é só seguir a receita. Arranje um local tranqüilo e certifique-se de que ninguém irá importuná-lo (como seu quarto, por exemplo). Tranque-se lá dentro. Arraste os móveis deixando um espaço no centro do cômodo, estenda um tapete (na falta de um vale lençol, cobertor, o importante é dar um ar zen e indiano pra coisa). Espalhe almofadas, travesseiros ou pufes. Acenda incensos, a fumaça faz a conexão entre os diferentes planos de existência. Pendure coisas na parede, teto ou janela, como mensageiro (ou sino) dos ventos, cristais, origamis, borboletas etc. Se você não decorou nenhum mantra sagrado coloque qualquer música da Enya. Posição de lótus. Pronto! Mãos unidas, sinta o ar e a vida ao redor, inspire, respire... Hei, acorda, não é pra dormir!
Sair por aí vestido num estilo hippie-chic fazendo sinal de paz é uma idéia convidativa. Aliás, aparentar seguir qualquer filosofia de vida ou religião não tradicional é super tendência, Madonna e a Cabala, Tom Cruise e a Cientologia estão aí e não me deixam mentir, sem contar que encontramos facilmente uma série de publicações sobre wicca (neopaganismo?), Budismo, Espiritismo... enfim, nessa salada de seitas, religiões e filosofias até Björk é o messias. Não posso negar que estou pensando em viajar pra Índia e voltar de cabeça raspada cantando Thank You ou Imagine.
Piadinhas e modismos à parte, o assunto merece atenção, pois qualquer conceito e visão simplista pode gerar uma idéia errada da coisa toda. Pra não cometer tal erro e repensar a idéia de que estar zen é “andar nas nuvens” e “ver borboletas”, li Viva Zen, livro da Monja Coen.

Em 128 páginas a autora tenta desmistificar o que é estar zen, abordando temas fundamentais como vida e morte e recontando antigas histórias zen-budistas. Um dos conceitos mais interessantes é o que ela chama de interser, o que, de certa forma, contrariou a minha idéia de que “estar zen” seria simplesmente se autocentrar. Então é aí que encontrei um dos grandes desafios: perceber o mundo a minha volta. Levar isso pra vida prática não é nada fácil. O que fazer com os sentimentos negativos? Qual atitude tomar quando estamos na zona de conflito? Como doar amor quando só se recebe o contrário? É claro que a leitura de um primeiro livro sobre o assunto não responderia meus questionamentos, mas talvez a chave para o caos esteja bem aqui, só preciso descobrir como encontrá-la.
ah, a monja era jornalista.
ReplyDeletedeve ter percebido que aquilo não era vida!
não sei se ser zen 100% é tão simples. eu tô lendo um livro meio pop, "devagar", que é exatamente sobre isso de "perceber as coisas ao seu redor" com mais acuidade.
pra isso, argumenta o carl honoré, você tem que desacelerar... e ele fala de slow food, slow city, etc -e eu fico morrendo de vontade de ser mais slow, no que falho renitentemente. é algo tão automático pra nós!
loved your site.
pelo menos ele é clean e pendendo para o zen! :) é um começo!
AH, SÓ AGORA VI O SARAMAGO na image de topo! é evangelho ou cegueira? não queima este livro antes de ler, não!
ReplyDeleteUma boa opção essa. Vou colocar entre a lista de possíveis futuras leituras.
ReplyDeleteConcordo que o budismo e outras segmentações orientais viraram modismo, e -claro- muito se perde nessa transformação. Com aquele inevitável reducionismo. De qualquer maneira, é melhor do que nada. Pelo menos se aproveita algo dessas culturas que transbordam sapiência.
oi, luis
ReplyDeletea imagem é do ensaio sobre a cegueira, já comentei livro e filme aqui no blog.
acho que conheço você...
Eu fiquei com vontade de ler esse livro. Ando me interessando mais sobre filosofias (e terapias) orientais, só que por enquanto minhas experiências se reduzem ao shiatsu rs. E quero começar a fazer yoga tbém. Daí até dizer que sou uma pessoa zen, vai um certo tempo e uma grande dedicação.
ReplyDeleteViu eu profetizei sobre filosofias alternativas e com ar anos 70.
ReplyDeleteHauhauhauhuahua
Mas....A Björk não é o messias não?
Chocado!
Até...acredita que fico vindo na minha casa direto ainda.Tenho que me adaptar a nova casa!
É bastante complicado. Eu conheço muitos budistas e vários deles não são nada zen. Entre ler, frequentar os templos e ser verdadeiramente zen, há um abismo enorme...
ReplyDeleteMas de todos os meus colegas zen, o que posso afirmar com certeza é que eles (aparentemente) pessoas que se destacam das outras, talvez por terem sido criados dentro dessa filosofia.
Existe muito material sobre budismo e esse da Monja Coen e aquele da Charlotte com o mesmo nome, é um bom começo e uma boa maneira de expandir nossas idéias e como nós encaramos o mundo.
Beijo
Corrigindo: "de todos os meus colegas budistas" e não "colegas zen" rsrsrs
ReplyDelete(ficou meio estranho, não?)
Você já viu alguma entrevista da Monja Coen no Youtube? As entrevistas dela são tão legais...
Kiki,
ReplyDeleteeu li esse ZEN com aspas rs
antes de ler o livro eu vi uma entrevista que você indicou, lembra? sobre como comer. sem contar que a vi na tv e andei pesquisando na net.
Doug, não sobre esse vídeo que eu estava falando, esse sobre como comer é um vídeo que tem outros do tipo, "como trabalhar zen", "como caminhar zen", acho que foi gravado por uma revista. Eu falei pra você olhar as entrevistas dela em programas de televisão. :)
ReplyDeleteBj
"Ser Zen" é muito mais que respirar fundo. Assim como equilíbrio é muito mais do que "luz e sombra"
ReplyDeletetava com saudades daqui, sempre gosto dos teus textos.
beijos :)