Partiu de um ponto desconhecido sem saber qual direção tomar. Desconhecia a si mesmo e teme ainda não conhecer. A cada passo um novo bloco, a cada bloco um novo passo. Mutuamente, estrada e andante se constroem. Por muito tempo caminhou com um mapa em branco, guiado por poucas certezas, mas agora ouve "Siga a estrada dos blocos amarelos".
Às vezes o futuro lhe parece tão promissor, outras tão incerto. Os passos continuam, é o único responsável pela colocação dos blocos. Alguns de um amarelo dourado, outros deslocados do caminho, disformes e escuros... é onde tropeça, cai e levanta. Persiste, pois nas asas do vento o sussurro de um espírito diz que a porta não está tão distante.
Foge da terra que queima a pele e sufoca a alma. Acredita que além da passagem há um lugar onde o frio é confortante e, olhando com cuidado, é possível enxergar as pegadas das alfenins que já não existem, mas deixaram marcas de um tempo que gostaria de ter vivido. Lá as palavras pesam, constroem, concedem a vida.
E, na estrada, por todos os lados, encontra almas e sombras, algumas ajudam na construção da estrada, outras modificam o ritmo dos passos, mas não a direção. E sente o peso dos verões que turvam a visão além do horizonte, e o que foi recolhido quando as folhas secas caíram parece não valer.
Delicadas mãos apareceram no caminho indicando a direção, segurando livros, trazendo comprimentos, fazendo sinal de adeus. No entanto, parece tão difícil prosseguir sozinho. As lágrimas foram proibidas quando poderiam purificar a alma e clarear o caminho. Mais uma vez o ciclo é renovado e o fardo das noites parece mais pesado.
De tempos em tempos o descanso é permitido. Ele não sabe, mas espera alma semelhante à sua que seja companhia no silenciar. Enquanto isso, passa as noites deitado sobre a grama observando as estrelas... tentativas de decifrar os sinais celestes. Desperta e continua a seguir a estrada dos blocos amarelos.
Nota: primeira versão publicada originalmente no antigo arquivo do blog (2007).
Oi Doug!
ReplyDeleteMuito bom seu texto! Li em uma tacada só! é sempre bom ter textos assim para ler!
bjinhos e bom fds!
meus blocos não costumam ser amarelos e sim, cinzentos. porque é uma das cores favoritas.
ReplyDeletemas eu não vejo estrelas, elas me vêem lá de cima (eu deveria olhá-las e repará-las. enfim.)
Me lembro desse texto também. Muito bom :]
ReplyDelete