Wednesday, September 29

a piece of paper about loneliness

CHILDHOOD

Quando criança observava o tracejar das formigas e imaginava o caminho que percorriam após desaparecerem entre as frestas da parede. Era uma observação silenciosa e solitária. Nas mornas tardes espalhava as centenas de blocos do brinquedo de montar e construía, construía... até desabar, o que acontecia sempre nas tentativas de encaixar as últimas peças do telhado. Era um trabalho silencioso e solitário. Nos dias frios abria uma pequena caixa de papelão que embrulhara e decorara com papel laminado verde, servia de casa e castelo pra coleção de criaturas que tinham uma origem comum: um ovo, de chocolate. Presentear o filho com um “kinderovo” era uma forma efetiva de comunicação. Assim que rasgava a embalagem guardava as bandas do ovo num copo e tratava de colocar o novo brinquedo entre os seus dentro da caixa, só depois lembrava de comer. Era um brincar doce e, solitário.

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