Friday, February 6

alanis no armário

“I don’t think you unworthy, but I need a moment to deliberate”

Alex Almeida/UOL

Na última terça-feira fui ao primeiro grande show da minha vida (aqui não contabilizo uma apresentação da Eliana ‘ex-dedinhos’ que vi meio que sem querer num shopping  quando ainda tinha dentes de leite). Ingresso garantido desde dezembro, overdose de Alanis com o provável setlist, acompanhando a repercussão dos shows anteriores, “Alani” no Faustão e Alanis no Fantástico… dia 3 chegou! daí que pensei em ir com uma camiseta que comprei quando era adolescente e que estava no fundo do armário, mas usar roupa GG de qualquer artista ou banda é muito over quando não se é mais teen. Optei pelo conforto: all star, calça jeans preta e uma camiseta clara própria pra ocasiões em que você sabe que vai transpirar MUITO.

Duas horas de ônibus até o Via Funchal. Levei um livro e MP3 no caso de ninguém puxar papo na fila (que dobrava o quarteirão), mas conheci duas mocinhas super simpáticas. Foi no mínimo irônico o que aconteceu com uma delas que começou a falar sobre a importância de You Oughta Know no seu último relacionamento… e quem ela viu na fila momentos depois? sim, o ex,  sacana, traidor e filho da p* (segundo palavras da própria). E não é que ela pediu minha mão pra fingir que não estava sozinha? Só não sei se convenci no papel de boyfriend.

Foi até fácil esperar 4 horas até que liberassem a entrada às 20. Passei por uma revista ridícula e acabei sem as minhas inofensivas barrinhas de cereais. Já dentro da casa, fiquei entre a 3ª e 4ª fila bem pertinho do palco (lugar mantido até o final com muito empurra-empurra). O mais cansativo foi esperar até às 22, mas encontrei um público bem friendly, nada de histerismo ou gente desmaiando, claro que sempre tem gente chata que avança quando o show começa e uns moleques com suas namoradas (ou ‘ados') que estavam mais preocupados em tirar fotos pra no dia seguinte ostentar no orkut/flogs e mostrar que são super “alternativos” porque além de Nxzero e Paramore escutam Alanis.

o show

Pouco mais de duas agoniantes horas de espera, banda no palco, os primeiros versos de The Couch (intro)… então Morissette surge e faz tudo aquilo que torna sua performance única: contorce as mãos, gesticula freneticamente, balança a cabeça, gira e mergulha num transe viciante.  Não resta dúvidas, ela ainda detém um quê de Lilith que me entorpece, não por acaso gritei meia dúzia de “goddess” durante o show. Confesso que sai fora de mim e não me reconheci, cantei, dancei, pulei e não precisei de nenhuma substância química pra entrar numa frequência que fez com que perguntassem se eu estava passando mal. E 1h 30 escorrem com Uninvited, Versions of Violence, All I Really Want, The Couch (2ª parte), Not The Doctor, Not As We, Head Over Feet, The Couch (3ª parte), Sympathetic Character, Perfect, Moratorium, You Oughta know, Tapes, Hand In My Pocket, Underneath, Everything, You Learn, Ironic e a saideira Thank You.

Última a entrar, primeira a sair, Alanis se despede e o show termina. Mesmo cansado e sabendo que não suportaria ficar por mais tempo em pé, pensei “cuma?”, “ela não volta?”… Minutos depois do fim eu continuava pulsando, comprei uma garrafa d’água e desabei, tirei os sapatos e acompanhei sentado no chão desmontarem todo o palco, ficaria ali por mais algum tempo se um segurança não dissesse que a casa ia fechar. Aos poucos retomei o tino e vi que não tinha mais nada a fazer a não ser ir embora. Na saída ainda encontrei uns companheiros de fila e troquei algumas palavras, caminhei até o ponto de ônibus debaixo de chuva, nada mais apropriado… precisava de banho e cama.

Esse sentimento de vazio pós-show me consome, é inevitável não questionar essa relação “díspar” que temos com nossos ídolos (mesmo eu sendo um admirador mais contido). Por que não interagir mais com o público além das frases de agradecimento e um tímido “obrigado”? Por que não pedir silêncio na parte acústica pra que eu pudesse ouvi-la melhor? (hello! isso é um show de rock’n roll, baby). Penteou o cabelo, mas por que não repensar o figurino? Por que não nos surpreender com um bis? Por que não tentar uma atuação diferente de todos os outros shows? Ambivalências e escolhas questionáveis. Forma única de falar das relações humanas, o que anseio e temo saborear (e aqui não sei se estou sendo pessimista ou otimista). Foi tudo tão rápido, só registrei em mente alguns flashes. Não sei o que pensar, ao menos por algum tempo faço a escolha por não mais senti-la. Com a camiseta e os CDs, coloco sua representação quase mística e mítica no armário.

7 comments:

  1. Esse "q" de decepção/ilusão nos shows dos nossos artistas favoritos é inevitável. Sempre dá aquela sensação de frieza, de que algo está fora do lugar.

    Com o tempo eu passei a entender e ir aos shows com um olhar mais, digamos, realista, como puro entretenimento mesmo, é mais interessante. Todos estamos ali em carne e osso, sem exceções, e vivendo um bom momento de diversão (seja lá que sentido possamos dar a essa palavra).

    O problema é que é difícil. Idolatria é algo complexo. Talvez a Alanis esteja pra você como Paul McCartney ou Neil Young estejam pra mim. Ainda não tive a oportunidade de ver realmente ídolos meus com "I" maiúsculo ao vivo. Talvez essa cartase seja (e será) inevitável.

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  2. Hmm... legal ver como parece o show nos olhos de um fã. Interessante porque eu não tenho algum ídolo assim... fico imaginando como eu ficaria, rs.

    Aliás, para não dizer que nunca fui em um show, fui levada por primas a um show da Xuxa no Ibirapuera quando pequena... (daí você se pergunta - "terá ficado traumatizada?"... sinceramente, não sei) LOL

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  3. Luis Nakajo back on blogging.
    www.nakajo.blogspot.com

    first entry: comments on the show.
    just take a look at it, assy! :)

    saudades, peste!
    mentira que tu ficou até desmontarem o palco! OO
    que coisa mais horrendaaaaaaaaaaaa

    (estou com saudades da alanis; isso é esquisito)

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  4. Realmente, esse negócio de show dos nossos ídolos é um trem esquisito...

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  5. Acho que é justamente por isso que não tenho essa vontade louca de assistir aos shows. É certo que, algumas vezes, me arrependo, afinal, ver o artista no palco frente a frente é surreal, mas, aquela fossa pós-show é coisa triste de se sentir.
    Comássim não tem biz no show da Alanis?
    Eu fui geração Alanis e tenho os 3 cd's de estúdio dela, o 2º cd é sensacional e 'so pure' é minha preferida dela!

    Beijo

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  6. Eu, como alguém que já foi em vários dos "grandes shows da minha vida", tenho alguns conselhos pra deixar aqui:

    1 - Não use camisetas de artistas em suas próprias apresentações. Além de ser coisa de menininha-de-fã-clube é muito paga-pau, né? :P

    2 - Papo de fila não rende! As conversas são sempre previsíveis (sobre o artista em questão, é claro) nada sobre a guerra na Faixa de Gaza, a crise imobiliária dos EUA e muito menos sobre o novo Resident Evil 5 que sai agora em Março ;(

    3 - Não grite "goddess" num show, é muito mais da hora gritar "GOSTOSA!!" e ver as caras revoltadas das menininhas em volta! Me divirto!

    4 - Sobre o fato da gente esquecer a "experiência" do show no dia seguinte isso é normal (não lembro de nada do Show do Marilyn Manson, só que ele cuspiu na platéia e que eu cuspi de volta. Do show do Bush eu só lembro que o Gavin Rossdale pegou um maluco da platéia e levou pra tocar guitarra) mas, graças à Deus, existem aqueles infelizes que atrapalharam nossa visão com as câmeras mas colocaram tudo no YouTube. É sério! Da primeira vez que eu fui num show do Placebo me deu branco no dia seguinte, já da segunda vez eu lembro cada detalhe porque quando vc assiste os vídeos no YouTube vc lembra de cada momento da apresentação e o que sentiu na hora ;)

    Abraaaaaaaaaaço!!!!

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  7. Alexandre,

    apesar de gostos diferentes, vc sempre entende o X da questão. obrigado pelo comment!

    I-pixel,

    Xuxa?! q medo! (eu ainda gosto da Eliana)

    Fabi,

    antes das 3 ou 4 últimas músicas ela parou, depois voltou... mas ñ sei se isso é 'bis'

    Emerson,

    num show da alanis (com o público da alanis) ñ rola gritar 'gostosa' pra fazer ciúmes em menina. hahaha

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